Atenção! Momo aparece em vídeos do YouTube e ensina crianças suicidarem

A personagem momo voltou a ser pauta de discussão após aparecer em vídeos de slime no YouTube Kids e acendeu um alerta entre pais ao redor do mundo.

De acordo com a revista Crescer, a boneca apareceu ensinando passo a passo, como deve ser feito para as crianças se suicidarem cortando os pulsos.

O YouTube Kids foi lançando em 2016 com a intenção de ser mais segura para o acesso de crianças.  Após ser procurado pela revista Crescer, a plataforma disse que, após análise, não encontrou nenhuma evidência recente promovendo o desafio Momo nos vídeos e disse que oferece estrutura para que tais casos sejam denunciados.

Ainda de acordo com o YouTube Kids, este tipo de conteúdo violaria políticas e seria removido imediatamente.

Pais estão desesperados, porque vídeos aparentemente inocentes no YouTube Kids estariam ressuscitando a Momo. A boneca, que nasceu como um perfil bizarro no WhatsApp, interrompe cenas em que crianças estão brincando com slime ou fazendo comentários sobre Minecraft para dar instruções de como se matar cortando os próprios pulsos e como usar objetos cortantes para atacar familiares.

A preocupação dos pais nasceu após um alerta ter sido disparado por uma corrente que circula no WhatsApp e o assunto ter repercutido em blogs. Ninguém, porém, compartilhou links do vídeo no YouTube ou mesmo no YouTube Kids. O Google diz que não recebeu pedidos de remoção desse tipo de conteúdo. Os vídeos usados como exemplo são divulgados pelo WhatsApp.

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Após a repercussão, o Ministério Público da Bahia instaurou investigação sobre o caso. Notificou YouTube e WhatsApp para que removam os vídeos. Para especialistas, a divulgação dos pais está aumentando ainda mais o pânico.

O UOL Tecnologia conversou na manhã desta segunda-feira (18) com blogueiras que tratam da maternidade e dispararam avisos sobre Momo na semana passada. Uma delas é a professora e produtora de conteúdo Juliana Tedeschi Hodar, de 41 anos. Ela foi ouvida por diversos veículos de imprensa, como a revista Crescer, depois de publicar fotos da filha chorando devido a uma conversa sobre a boneca. Outra delas é Camina Orra, que publicou em seus Stories, no Instagram, vídeos da Momo orientando crianças a usar objetos cortantes e até traduziu o que ela fala, já que as falas estão em inglês.

Hodar diz não ter visto o vídeo no YouTube e só ter tomado conhecimento dele por meio de um grupo de família no WhatsApp.

Quando conversamos com as crianças sobre isso, tivemos ciência que minha filha já tinha pânico desse personagem há meses e não falou nada. Ela tinha medo que a Momo pegasse a gente

 

Segundo ela, a filha não viu o vídeo agora, mas ficou perturbada quando o assunto foi abordado. “A gente acredita que [ela viu] há uns três meses, pelo que conversamos com coleguinhas da escola e por outras situações.”

Camina Orra também não viu o vídeo na plataforma do Google, mas teve contato com ele após o conteúdo ter sido encaminhado em um grupo de mães. Após compartilhar o material no Instagram, ela foi procurada por outras mães. Uma delas disse que finalmente descobriu o que chateava a filha havia semanas.

“Uma mãe fez um vídeo chorando, porque ela tinha certeza de que a filha ia dizer que não sabia quem era e a criança disse que era a Momo. Ela falou que a filha já faz algumas semanas tem medo de ir ao banheiro, de dormir ou fazer alguma coisa sozinha. E ela não sabia o porquê. Quando viu meu aviso, foi correndo perguntar para a menininha se ela sabia quem era. E ela falou que era a Momo e a tinha visto no YouTube.”

As duas receberam os vídeos pelo WhatsApp, uma plataforma em que a remoção de conteúdo é dificultada. Devido à política de segurança da plataforma, as mensagens são criptografadas. Isso impede que seja descoberto o que há nas mensagens.

O alarde

O relato das duas blogueiras mostra que as crianças já tiveram contato com Momo em vídeos, que o YouTube diz que nunca estiveram na plataforma. O que está acontecendo agora é que os pais estão tendo consciência disso.

“Até agora, parece haver um grande pânico, e ao compartilhar o conteúdo as pessoas aumentam (o alcance) do tema”, afirmou Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor de educação da ONG Safernet, à BBC.