Espaços educativos não formais

Este texto discute os espaços educativos não formais e aponta como eles podem favorecer na aprendizagem dos alunos. A expressão espaço não formal é utilizada para descrever locais, diferentes da escola, onde é possível desenvolver atividades educativas. Segundo Jacobucci (2008) espaços não formais podem ser instituições e não instituições.

O que são espaços educativos não formais

Na categoria que a autora denomina “instituições” estão incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem uma
equipe técnica responsável pelas atividades oferecidas, a saber: os Museus, os Centros de Ciências, os Parques Ecológicos, os Parques Zoobotânicos, os Jardins Botânicos, os Planetários, os Institutos de Pesquisa, os Aquários, os Zoológicos, as Bibliotecas, entre outros. Na categoria “não instituições”, a autora elenca os ambientes naturais ou urbanos que não possuem estrutura
institucional, mas que permite a realização de práticas educativas.

Espaços educativos não formais
Espaços educativos não formais

Neste artigo discutiremos, especificamente, um espaço não formal institucional muito procurado para visitação: A “Estação
Ciência”. Trata-se de um espaço não formal interativo, pois os alunos têm a oportunidade de
manipular os materiais e de participar das experiências. Além disso, eles contam com monitores
que esclarecem todas as dúvidas e curiosidades.

Palavras-chave: estação ciência, espaço educativo institucional não formal, aprendizagem

Sabemos que o processo ensino/aprendizagem ocorre no decorrer da vida por meio da educação que, segundo Gohn (2008), Ghanem e Trilla (2008) e Afonso (1989) pode ser de três tipos, a saber: formal, informal e não formal.

A educação formal é aquela desenvolvida nas instituições escolares regulamentadas por leis e organizadas de acordo com diretrizes nacionais.

Possuem conteúdos pré-estabelecidos ensinados por professores em ambientes que têm normas e padrões de comportamento definidos previamente. Objetiva a transmissão do conhecimento sistematizado e o desenvolvimento de habilidades e competências, requer local específico e tempo, além de exigir pessoas capacitadas e especializadas, organização curricular, disciplina e atividades sistematizadas e normatizadas por Leis, entre elas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

A educação informal é aquela aprendida em diferentes núcleos sociais durante o processo de socialização produzidas nas relações intra e extrafamiliares tais como: a família, o bairro, o clube, os amigos, a igreja. Nela vêm embutidos valores, regras e normas de uma determinada cultura.

Nesse caso, os educadores são os membros da família em geral, os amigos da escola, do clube, da igreja e os meios de comunicação de massa. Ela ocorre em casa, na rua, no bairro, na cidade, nos diferentes espaços sociais como: o clube, a igreja, a escola de natação, de idiomas etc.

A educação não formal é aquela que se aprende no cotidiano, na relação com diferentes pessoas, pela experiência e em espaços fora da escola, em locais informais onde há processos de interação e intencionalidade na ação, na participação, na aprendizagem e na transmissão e troca de saberes.

A educação não formal abre possibilidades de conhecimento sobre o mundo que rodeia os indivíduos e suas relações sociais.

Dito isto, podemos dizer que a educação não formal pode ocorrer em diferentes espaços também denominados de espaços não formais. Apresentamos a seguir alguns desses locais e em seguida a “Estação Ciência”

2- Alguns espaços educativos não formais

Atualmente, muitas pesquisas relacionadas aos espaços educativos não formais têm sido

realizadas, porém o número ainda é inexpressivo. Entre elas podemos citar Jacobucci (2008),

Araújo (2006), Vieira (2005), Vieira, Bianconi e Dias (s/d). Esses espaços educativos se

diferenciam do espaço escolar por apresentarem, alguns de forma lúdica e interativa, produtos da

experiência social e cultural de um determinado local. Além disso, dependendo do espaço,

favorece ao aluno o contato direto com materiais, peças, relíquias, pinturas, esculturas etc, que na

sala de aula poderiam não ser visualizados ou apenas visualizados por meio virtual.

Entendemos que presencialmente esses espaços estimulam a aprendizagem de maneira

diferenciada do espaço da sala de aula. O aluno participa de forma descontraída, sem cobranças e

por ser ambiente que apresenta novidades, a curiosidade é constante. As possíveis perguntas

surgem dessa curiosidade, são espontâneas e as respostas dadas pelos monitores existentes e/ou

pelos professores podem agregar outros conhecimentos àqueles já adquiridos pelos discentes na

sala de aula formal favorecendo que eles estabeleçam relações com as diferentes áreas do

conhecimento.

Como citamos acima, são muitos os espaços educativos institucionais não formais. Entre

eles podemos citar os museus que, entre os existentes na cidade de São Paulo, elencamos: 1-

Museu de Arte de São Paulo (MASP), 2- Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS), 3-

Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), 4- Museu do Ipiranga, 5- Museu das Invenções,

6- Pinacoteca do Estado, 7- Museu da Língua Portuguesa, 8- Museu do Futebol, 9- Museu do

Instituto Butantan, 10- Centro Cultural São Paulo, 11- Capela do Morumbi, 12- Casa do Grito,

13- Centro Cultural São Paulo, 14- Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, 15- Museu de Arte

Contemporânea, 16- Museu de Arte Sacra, 17- Memorial da América Latina, 18- Museu de

Arqueologia e Etnologia, 19- Memorial do Imigrante, 20- Museu do Imigrante, 21- Museu

Brasileiro de Escultura, 22- Museu da Casa Brasileira, 23- Museu do Theatro Municipal, 24-

Museu Lasar Segall, 25- Oficina Cultura Oswald de Andrade.

Dependendo do conteúdo abordado em sala, esses museus contribuem para que o aluno

tenha uma visão ampliada da história, da cultura, do folclore e da arte de um determinado

contexto. É possível visualizar o vestuário, os móveis, os objetos, a arquitetura, as peças de

decoração utilizados em cada momento histórico e de que forma as transformações foram ocorrendo com o passar dos anos. Trata-se, portanto, de uma viagem no tempo, viagem esta que

promove, além de novas aprendizagens, a aquisição da noção de tempo e espaço históricos.

Além dos museus, outros espaços não formais podem ser utilizados para complementar a

aula desenvolvida na educação formal. São eles: o Planetário, o Jardim Zoológico, o Jardim

Botânico, os Centros de Ciência e entre eles a Estação Ciência, os Aquários, as Bibliotecas, etc.

Apresentamos a seguir um pouco do histórico da Estação Ciência, sua missão, os

objetivos, os módulos nos quais se apóiam as atividades e como ela pode auxiliar no processo de

aprendizagem dos alunos.

3- A Estação Ciência e sua contribuição na aprendizagem dos alunos

A Estação Ciência – USP – foi inaugurada no dia 24 de junho de 1987. Trata-se de um

centro de ciências dinâmico e interativo que realiza exposições e atividades nas áreas de Física,

Astronomia, Geologia, Paleontologia, Biologia, Matemática, Química, Informática, Meio

Ambiente, Cidadania e Arte, além de cursos, eventos e outras atividades, com o objetivo de

popularizar a ciência e promover a educação científica de forma lúdica e prazerosa.

A ideia de fundar a “Estação Ciência” surgiu no início da década de 1970, quando foi

fundada a Academia de Ciências do Estado de São Paulo. O projeto foi elaborado com a

participação de um grupo do CNPq, que contaram com a colaboração de Universidades, diversos

órgãos governamentais e empresas. Por que chama-se “Estação”? Porque, segundo seus

idealizadores, o termo sugere viagens ao mundo do conhecimento científico, estabelece a ponte

entre passado e futuro, educação e diversão e porque está localizada nas proximidades de

estações ferroviárias e de metrô. (fonte: www.eciencia.usp.br)

A “Estação Ciência” tem por missão: “1- difundir a ciência, a tecnologia e a cultura, em

sintonia com as ações do Programa de Desenvolvimento Tecnológico Avançado (PDTA) da

Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI-BR), 2- articular e promover o conhecimento

científico,

3- difundir preceitos de cidadania,

4- estimular a apropriação do método científico, a

curiosidade e a observação da realidade por meio da experimentação interativa e lúdica,

5-desenvolver, organizar e manter exposições, mostras e eventos, em prol da educação científica e

ambiental de crianças, jovens e adultos, 6- enriquecer o ensino multidisciplinar, oferecendo

oportunidades de conhecimento científico fora do ambiente escolar”. (fonte: pti.org.br)

Além disso, busca atingir os seguintes objetivos:

1- diversificar a temática conceitual das exposições permanentes, promovendo articulação

entre aspectos da ciência.

2- Capacitar professores do ensino fundamental e médio, promovendo a melhoria do

conhecimento científico.

3- Desenvolver atividades de arte ciência.

4- Produzir oficinas experimentais e disponibilizar materiais educativos a professores,

promovendo a melhoria do ensino de ciências.

5- Capacitar técnicos, professores e pesquisadores para atividades desenvolvidas pela

Estação Ciência.

6- Apoiar projetos permanentes de cunho educacional e/ou social.

7- Ampliar o número de exposições itinerantes.

8- Desenvolver animações científicas para difusão na internet.

A “Estação Ciência” apresenta experimentos que estão divididos em quatro módulos, a

saber: Biologia, Física, Informática e Matemática. No módulo de Biologia encontramos

experimentos realizados em: aquário e tanques de manipulação, clonagem de plantas, geologia e

paleontologia, hidroponia¹ e o homem virtual. No módulo de Física são desenvolvidos

experimentos de: energia, astronomia, física quântica, física geral, eletricidade e

eletromagnetismo.

São muitos os experimentos que atraem as crianças e mesmo os adultos. Na Sala

Terremoto existe um dispositivo que quando ligado faz o chão vibrar, simulando um terremoto de

baixa intensidade. Os monitores explicam como isso acontece, as crianças vibram e entendem o

que faz a terra tremer. Também é possível participar de experimentos referentes à eletrostática.

Ao colocar a mão em determinado equipamento os cabelos arrepiam e pequenos choques são

emitidos. Além desses, também é dada a oportunidade de visualizar os simuladores de vulcões e

tsunamis.

_______________________________________________________

¹técnica de cultura de certos vegetais em solução nutriente com suporte de areia, cascalho etc, ou sem ele.

No módulo de Informática encontramos: KStars – planetário para ensino de astronomia;

KBruch – aprendizado de frações; KHangMan – aprendizado de vocabulário; KAlzium –

aprendizado de tabela periódica de elemento químico; KTouch – aprendizado de datilografia;

KTurtle – ambiente de programação educativo; KMessedWords – treinamento de vocabulário em

confusão de palavras; KPercentage – aprendizado no cálculo de porcentagem, atividades de

entretenimento, atividades de matemática e atividades de tabuleiro. (fonte: pti.org.br)

Trata-se de jogos virtuais onde crianças, jovens e adultos buscam desenvolver as

habilidades descritas. No módulo de matemática encontramos diferentes jogos que desenvolvem

o raciocínio, a memória, a percepção, a atenção e exigem muita paciência. É interessante notar

que as crianças ficam horas tentando resolver um jogo de lógica, mas não têm nenhuma paciência

em resolver cálculos na escola. Isso ocorre, pois o lúdico atrai muito a criança, não existe um

tempo determinado para resolver um problema, o ritmo próprio é respeitado.

Recentemente a “Estação Ciência” passou a exibir uma exposição denominada “Petróleo –

Uma Fonte de Energia”. Trata-se de uma exposição completamente interativa, pois os visitantes

podem manipular minerais e rochas, a fim de observar as características de cada uma no que se

refere à consistência e à aspereza. Além disso, também é possível executar testes de dureza dos

minerais. Você já dividiu o planeta Terra em partes para observar as diferentes camadas da

Terra? Pois então, na “Estação” isso é possível.

Também existem diferentes maquetes. Uma delas oportuniza visualizar um vulcão em

atividade, onde o magma escorre da cratera. Na maquete denominada “Fontes de Energia

Naturais”, é possível visualizar e comparar as formas naturais de obtenção de energia e na

maquete “Do Poço ao Posto” é mostrado, por meio de luzes, todo o trajeto do petróleo, desde a

extração até sua venda como combustível nos postos. Na “Estação Ciência”, também podemos

conhecer a história do petróleo no Brasil e sua utilização desde a Antiguidade por meio de

quadrinhos enormes.

Dito isto, e partindo de minha experiência como visitante e da experiência vivenciada com

alunos nesse espaço, é possível dizer que a “Estação Ciência” da forma como desenvolve suas

atividades desperta a curiosidade, pois as crianças, jovens e adultos podem interagir, manipular e experenciar em momento real os conceitos que acabaram de ouvir dos monitores (alunos

universitários e professores). Essa aula ensinada de forma lúdica e interativa é extremamente prazerosa e, muitas vezes, vem reforçar conteúdos já aprendidos na aula formal da escola.

Estamos diante de crianças e jovens que vivem plugados na internet que oferece recursos

extremamente motivadores. Muitas escolas carecem de laboratórios onde os alunos possam

manipular os instrumentos e realizar experiências. Segundo Piaget (2003) as crianças de até 11

anos precisam manipular, vivenciar experiências, pois elas ainda estão muito presas ao concreto.

Assim, esses espaços além de auxiliar no desenvolvimento cognitivo, uma vez que, por meio de

suas ações, levam os aprendizes a estabelecer relações com diferentes áreas do conhecimento,

também contribuem para que a aprendizagem seja significativa.

Leia restante baixe o PDF

Termos:

  • Espaços educativos não formais
  • Espaços Educativos
  • Educação
  • Educativos