Fundos de Pensão Postalis dos Correios tem Prejuízo de R$1 Bilhão

Ligo a TV e, na página de abertura da Net, o comunicado: “Não se preocupe se você não receber sua fatura” – em meio à correria dos últimos dias, tinha me esquecido da greve dos Correios.

Numa pesquisa rápida, me informo de que os funcionários querem reajustes salariais (quem não quer?) e são contra a privatização da companhia.

Em paralelo, puxo na memória uma nota que li ontem: “Governo afasta diretores e conselheiros do Postalis”.

Fundos de Pensão Postalis dos Correios tem Prejuízo de R$1 Bilhão

Postalis, para quem não sabe, é o fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Lá está aplicada boa parte das reservas, economias e esperanças de uma aposentadoria tranquila dos funcionários que, há décadas, cuidam para que, bem ou mal, você receba as multas de trânsito e a cobrança do IPTU.

Quem escolhe os gestores do fundo é a diretoria dos Correios que, por sua vez, é escolhida pelo governo – não precisa ser nenhum gênio para concluir que as indicações acabam sendo políticas e sem muito critério técnico.

Com patrimônio de mais de 10 bilhões de reais e mais de 140 mil beneficiários (entre ativos e assistidos), o Postalis, afirma o TCU, teve prejuízo de 1 bilhão de reais com investimentos fraudulentos e negligentes, muitos deles ligados a parceiros políticos e ideológicos dos grupos que aparelharam a estatal e o fundo de pensão nas últimas décadas.

Surpreendentemente (só que não), se você buscar “escândalo Postalis” no Google, os nomes de Renan Calheiros, Alberto e Youssef e Eike Batista vão surgir em alguma notícia como investigados e/ou enrolados no esquema.

A conta fica, claro, para os funcionários que têm desconto em folha para cobrir o rombo – até 25,98 por cento dos salários serão descontados mensalmente para suprir o déficit do plano.

Numa espécie de síndrome de Estocolmo versão brasileira Herbert Richers, os mesmos funcionários que se lascaram pelo esquemão vão às ruas protestar contra a privatização da empresa.

Pior! Nem estão abertos ao debate.

Não dá pra entender!

Há problemas similares na Funcef (Caixa) e na Petros (Petrobras) e, em mais uma notícia surreal, leio que Lula foi ao Rio participar de um protesto contra a privatização da Cedae e de outras empresas públicas, dentre elas a Petrobras.

PQP!

****Você não leu errado – o Lula e as centrais sindicais se uniram no Rio de Janeiro para proteger o patrimônio do povo brasileiro contra as garras do capital privado.****

Depois de tudo o que houve com a Petrobras – política de preços
absurda, aumento temerário do endividamento e os desvios bilionários dos apadrinhados de PT, PMDB e PP, só me faltava esses caras surgirem agora como os salvadores do petróleo brasileiro.

É como se Dick Vigarista se autodeclarasse o guardião da castidade da Penélope Charmosa.

O funcionário da estatal, que há anos vê o barco emborcando, com prejuízos recorrentes e escândalos brotando em profusão, é incapaz de pensar que a melhor saída é privatizar tudo e livrar a companhia desse monte de parasitas que, na sede por dinheiro, invariavelmente vão acabar por matar o hospedeiro.

E, olha, a questão não é partidária nem ideológica!

Há poucos dias vimos Aécio (ah, se arrependimento matasse!) e Pimentel juntos em Minas, lutando para manter as usinas da Cemig e, claro, aquela teta eterna de cargos e indicações. Esse leite, ao menos, não vira mais pão de queijo.

Não à toa, o mercado entrou em modo de euforia quando o atual ministro de Minas e Energia elogiou o trabalho de Pedro Parente no comando da Petrobras e sinalizou que, quem sabe, um dia não saia a privatização de fato.

Imagine que país não se constrói quando as empresas produzem, o povo trabalha e os políticos governam?

Hoje, a maioria dos políticos está atrás de cargos, prestígio e grana. O Congresso se tornou um imenso balcão de negócios e não está nem aí para gerir a coisa pública.

Sem tantas estatais, talvez os urubus percam o interesse pela política e deem espaço para quem tem com o que contribuir para colocar o país nos trilhos.

Já falei isto por aqui antes e repito: ano que vem, não vamos às urnas decidir quem será o novo presidente. Do jeito que as coisas vão, a escolha é muito mais filosófica e profunda.

Que país queremos ser?

O velho Brasil da meia-entrada e do esquemão? Ou um país novo, com eficiência e gestão pública decente?

A decisão não será Lula x Doria ou Meirelles x Marina.

A escolha, amigo, será entre Caracas e Santiago.

E aí, para onde vamos?”